Economia da Recorrência
A Economia da Recorrência

Empresas como Netflix, Spotify, Adobe, Uber e Amazon Prime são exemplos do modelo que promete conveniência, flexibilidade e acesso contínuo a atualizações. O modelo de assinaturas oferece benefícios claros tanto para consumidores quanto para empresas. Para os usuários, a principal vantagem é o acesso a uma enorme gama de bens e serviços sem o ônus da posse. Isso reduz bastante os custos de aquisição. No Spotify, por exemplo, você tem acesso a quase toda música já produzida no mundo por R$ 21,90 mensais. No Uber, você tem uma frota à disposição, não paga manutenção, estacionamento, danos a terceiros em caso de acidente e nem precisa se preocupar com blitze.
Assinaturas de serviços de software como HP e Adobe garantem atualizações constantes, eliminando a obsolescência imediata de produtos comprados tradicionalmente. Para as empresas, o fluxo de receita recorrente proporciona estabilidade financeira, permitindo investimentos contínuos em inovação. Há também o apelo da sustentabilidade (menor uso de bens físicos), embora esta seja uma questão discutível. Outro ponto positivo é a personalização. Serviços podem adaptar-se às preferências do cliente, criando uma experiência sob medida.
Você não terá nada e será dono de tudo
A principal crítica é a perda de posse. Quando você paga por um serviço como o Spotify, não possui as músicas; se cancelar a assinatura (o que pode ser uma novela), perde o acesso ou fica sem as vantagens de uso sem propagandas. Você cria uma dependência das plataformas. Se uma delas decide retirar um filme ou artista do catálogo, não há nada que se possa fazer. Isso fora a dependência financeira contínua. Além disso, o efeito psicológico de “pequenos pagamentos” mascara o impacto total no orçamento.
Ida Auken, ex-ministra do Meio Ambiente da Dinamarca, é conhecida pelo ensaio "Bem-vindo a 2030: Não possuo nada, não tenho privacidade e a vida nunca foi melhor", publicado pelo Fórum Econômico Mundial em 2016. Nele, ela descreve um futuro utópico onde a posse é substituída por serviços compartilhados, e tudo — de casas a roupas — é acessado sob demanda. Embora a proposta de Auken enfatize sustentabilidade e eficiência, ela também gera desconforto. A ausência de posse é vista como uma erosão da liberdade individual. Possuir bens — como uma casa, um carro ou até objetos pessoais — confere independência e segurança. Substituir isso por serviços de assinatura ou compartilhamento cria dependência de corporações, que podem alterar preços, termos de uso ou revogar acesso a qualquer momento.
“Se a compra não te dá posse, piratear não é roubo”
Essa frase, popular em debates sobre ética digital, desafia a moralidade tradicional do consumo na economia das assinaturas. Se o que você “compra” é apenas um direito temporário de uso, sem posse real, o ato de piratear — baixar um filme ou crackear um software — é usado como desculpa para cometer o crime e ter o produto por completo ilegalmente.
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